o cheiro do mar me invadia e embriagava


acordo nesse quarto para o qual me mudei
(porque achei melhor, e que gostarias).

do rádio Carly Simon me traz um tempo antigo
em que 'o cheiro do mar me invadia e me embriagava' [1],
pela janela sempre aberta.

a minha árvore cresce igual às outras
mas, distraída, floresce no outono
carregada de pendões amarelos;

ainda me apaixona seu bailado com o vento.

é também doce a luz que me penetra
vinda da noite virada do avesso, tornada dia;

um novo que não fala de enganos
porque nada entende: simplesmente é.


sonia regina

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[1] (Lispector, Clarice. A descoberta do mundo. 2a ed.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984: 250-1)

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