a última lágrima ilumina do avesso


não anda pelas beiras, a sombra,
como quem já não respirasse nada
que não se perdesse pelo caminho,

nem é um farrapo da luz, ou o cansaço
de quando se resume, e capitula às trevas.

nascem e morrem, existem

juntas

“com um acordo íntimo
como a mão direita e a esquerda”(1)

rumor silencioso ou pegada,
a sombra revela a luz
e só não tem esse rastro a última lágrima

a mais leve e liberta
ilumina do avesso,

a sombra lhe é o contraponto
pro choro, e brilha pra dentro.


sonia regina

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(1) alberto caeiro, o guardador de rebanhos

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