A penúltima forma





 A beleza está - não consta.

Nem tudo que traz em si o sentido se faz escutar,
nem todas as palavras se prestam à manipulação.
Tampouco a escrita precisa ser lacônica, para ser íntima

Escuta o teu coração:
ele também bate em meio à multidão,
há verões sem lua e sem estrelas

Não procura pretextos; é suficiente tentar,
nesse tempo que se amortiza célere

Ao todo embaralhado oferece um outro ponto de vista,
sem oposições ou justificativas em nome da arte

O teu falatório te contamina, e faz eco.
Não percebes suas elipses longas e a viagem de volta?
És teu feroz bumerangue!

Bom seria se pudesses saltar desse quadro no qual já não cabes.
Criador e criatura, desenhaste o declive e por ele escorregaste.
Não fluíste somente para dentro de ti:
 tu te esparramaste como uma massa disforme, sem fixação possível


A beleza que quiseste  aprisionar em teus versos
alojou-se  nas falsas mentiras que não carregaste sobre os ombros,
não suaste, não entendeste como multiplicar

Não é espelhando significados que chegarás à carne.
Essa é a metáfora que não escreveste.

Sonia Regina
26.1.10


Imagem: Asik Asik




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