Trecho do artigo Aborto e caso Erenice dominam fala de Dilma no JN, de Havolene Valinhos, publicado na terça-feira, 19 de outubro de 2010 8:44, no Diário do Grande ABC
" Dos dez minutos reservados para a entrevista com a presidenciável pelo PT, Dilma Rousseff no Jornal Nacional, da Rede Globo, ontem, pouco mais da metade foi voltada para a questão do aborto. Outro tema abordado com afinco foi o escândalo envolvendo a ex-braço-direito da petista na Casa Civil, Erenice Guerra. Mas antes de entrar nas polêmicas, Dilma agradeceu os 47 milhões de votos e enfatizou que foi a segunda mulher mais votada do planeta, perdendo apenas para Indira Gandhi, primeira-ministra da Índia, que morreu em 31 de outubro de 1984. (...) "
LER NA ÍNTEGRA EM http://www.dgabc.com.br/News/5835625/aborto-e-caso-erenice-dominam-fala-de-dilma-no-jn.aspx
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Trecho do artigo Dilma e o momento épico da mulher brasileira, de Juarez Guimarães e Marlise Matos, publicado por Carta Capital em 20 de outubro de 2010 às 16:10h
" (...) Mas os lugares comuns da calúnia – Dilma já é, certamente, a mulher mais caluniada, difamada, da história brasileira (e também a mulher mais votada da historia brasileira – haverá aqui alguma transgressão?) – concentram-se ali nos pontos falhos ou fracos da nossa cultura democrática. Há uma vastíssima e profunda defasagem entre a expansão da identidade social das mulheres e a cultura pública do feminismo no Brasil contemporâneo. Este abismo está nitidamente expresso no livro editado pela Fundação Perseu Abramo, “A mulher nos espaços públicos e privados. Como vivem e o que pensam as brasileiras no início do século XXI”, baseado em pesquisas nacionais feitas em outubro de 2001.
Os motivos da expansão da identidade feminina, seja no mercado de trabalho e na educação, seja também na sua vida sexual estão ali bem expressos. Três quintos das entrevistadas têm orgulho de ser mulher; 39 % identificam ser mulher com ter a sua própria autonomia econômica no mundo do trabalho, 33 % associam ser mulher com a liberdade e independência social, mas apenas 8 % fazem tal associação com ter os mesmos direitos que os homens. Praticamente 80 % dizem estar satisfeitas com a sua vida sexual e 74 % julgam que a sua vida vai melhorar, independente da situação do país, graças ao seu auto-esforço.
Mas se 89 % julgam que há muito machismo no Brasil, só 22 % consideram-se total ou parcialmente feministas. Este índice cai inclusive com a escolarização. Explica-se: as décadas de oitenta e noventa foram décadas duramente conservadoras do ponto de vista moral no Ocidente, com grandes reflexos na nossa cultura brasileira. Houve como que uma onda de retrocesso em relação aos tempos mais libertários e igualitários dos anos sessenta e setenta. Em parte, essa configuração se deveu a involução conservadora da Igreja Católica no período, reforçando e retirando seus dividendos do quadro geral de retrocesso. Ser feminista, neste contexto cultural, associou-se a algo negativo, ruim ou até pejorativo.
Após a primeira fase épica de sua vida, Dilma, como mulher emancipada, retomou a sua vida pessoal em compasso com a sua vida profissional e pública, como fazem hoje as dezenas de milhões de mulheres brasileiras. A sua vida após o cárcere faz parte, então, desta “expansão da identidade feminina” na sociedade brasileira, que a pesquisa da Fundação Perseu Abramo demonstrou muito bem. Mas a cultura pública desta expansão da identidade feminina, isto é, uma cultura real e cotidianamente experimentada de emancipação das mulheres, com suas histórias centenárias, suas gramáticas, seus motivos, seus valores, seus personagens, seus argumentos e profunda beleza, não está ainda composta ou estabelecida na cena pública brasileira. Até mesmo a universidade brasileira, de norte a sul, leste a oeste, com toda a sua inteligência consolidada, apenas balbucia em seus currículos e programas de ensino, o feminismo.
É impressionante como a propaganda de Serra abusou desta falha democrática da cultura brasileira: caluniando de ser contra a vida aquela cultura das mulheres que exige o direito de decidir sobre o seu próprio corpo, proclamando a sua evidente limitação para ser governante do Brasil, lançando todo tipo de suspeições sobre a personalidade das mulheres emancipadas do Brasil. Ao fazer isto, mobilizava milenares, ancestrais, retrógrados estereótipos sobre as mulheres inscritos numa cultura tradicional Ocidental e em centenários arquétipos patriarcais formados e ainda preservados na cultura brasileira.
O segundo momento efetivamente épico de Dilma foi enfrentar não o torturador, mas o caluniador. Sua primeira sobrevivência foi em nome da liberdade; a sua segunda vitória será em nome da dignidade de todas as mulheres livres do Brasil. (...) "
LER NA ÍNTEGRA em http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/dilma-e-o-momento-epico-da-mulher-brasileira
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