interstício
quase manhã.
a lembrança se tornava memória
do tempo que esticava o ponteiro
das horas;
o beijo não desenhava
o sol na areia,
nem era azul o abraço do mar.
a vida seguira constante na imprecisão,
fiapo de espuma em mar agitado;
a sombra se mantivera translúcida.
anjos batem as asas sobre os sonhos
nos dias em que tudo é cansaço
e a noite engole o calor da alegria;
nada se respira que não se perca
pelo caminho, na paisagem bordada.
à ternura da alga abre-se o horizonte
e, ao sabor do vento, a alvorada.
sonia regina
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