na memória do pólen


talvez não mais sejas tu a colher-me
o fruto e, se gemes com o descanso

da tua paisagem, é porque no insólito

fertilizar divagaste pelo avesso

mais do que a chuva que não desliza,
alterou, a terra, o suor que navegaste

o sol que nasce de um momento breve
(ainda que de esmaecido vôo) fica
eterno na memória do pólen, dia alongado

na hora da germinação a luz adormece
[os céus paralisam]

e se esvazia, de qualquer ímpeto,

o cenário.


sonia regina

Nenhum comentário: