o gume das palavras



chove fino; da sala escuto somente
os pingos. nada vejo além do verde
passivo e da ave persistente

há uma porta nesse vôo com miolo
branco, uma fresta quieta no cinzento

por ela cai na varanda a minha infância
de céus com imagens desdobráveis

sabes, em dias de vento tenro
eu não sabia ouvir o gume
das palavras. mas...percebia.



sonia regina
19.3.09


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