ouçam na minha voz os opostos
abram os olhos ao contraditório
percebam a luz e as trevas
em minhas sombras
há uma clareira na floresta: um fato.
e assim o é porque o digo
afinal
só o segredo pode pedir uma revelação
no curso do rio vaga o secreto: uma errância.
um recorte líquido das margens perdidas.
o espelho d’água desconcerta a dor
pois ela não se reflete.
tampouco as ilusões têm corpo
pois ele só cativa imagens. fugazes.
se ressoa o desejo no corpo da imagem
num timbre desconhecido do ouvido,
a voz permanece insensível
o corpo é um efeito da linguagem, então
o real é o mistério do corpo falante: um fato.
e assim o é porque o dizem
afinal
só os enigmas podem pedir uma decifração.
sonia regina
15.4.09
o dizer
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