o sangue está na margem - sonia regina


a carne jaz inerte
nada a define ou anima
excedido o sentido possível da letra que a significa
resta a complexidade a ferver no sangue

o mar não refresca a intensidade de uma palavra nômade em ebulição

na mata
à noite
tudo sossega

menos o rumor do rio

nele
a secura busca espaço
e a água doce molha a garganta

os lábios já se cansaram de esmiuçar o desejo das raízes
o olhar em compasso pouco curioso nada viu

mas

as mãos crentes

não cessam de embalar preces.



sonia regina
25022011







Nenhum comentário: