Frei Betto - Passeio por Havana

Publicado em O Dia Online. 31.10.09


Havana, nesta época do ano, é banhada por suave temperatura. O calor é amenizado pelo hálito de frescor que sopra das águas azuladas por trás do Malecón. A umidade reflui, embora a população se mantenha atenta à meteorologia: outubro e novembro são meses de furacões. Ano passado, ceifaram quase 20% do PIB, hoje calculado em US$ 50 bilhões.

Foram dias de boa culinária caribenha. Mantive proveitosas conversas com cidadãos anônimos e autoridades. Permaneci um dia a mais para encontrar-me com Raúl Castro, atual presidente, com quem almocei no dia 24, e Fidel que, na tarde do mesmo dia, me recebeu em casa, para jantar.

Cuba se encontra grávida de si mesma. Após 50 anos de Revolução, é hora de analisar erros e impasses. Mira-se o passado para enxergar melhor o futuro. Engana-se quem supõe Cuba de volta ao capitalismo.

Não interessa à Ilha priorizar a acumulação privada da riqueza em detrimento da maioria da população. Os cubanos são conscientes de que suas falhas não podem ser todas atribuídas ao criminoso bloqueio imposto, há mais de 40 anos, pela Casa Branca.

A manutenção, por longo tempo, de medidas justificadas pela Guerra Fria, começa a ser questionada. É o caso do caráter paternalista do Estado que assegura, a 11 milhões de habitantes, gratuitamente, cesta básica, saúde e educação de qualidade.

Por isso, a qualidade de vida em Cuba, onde o analfabetismo está erradicado, é a 51ª, entre 182 países, no Índice de Desenvolvimento Humano 2009, da ONU.

A quem possa interessar: Fidel goza de muito boa saúde e excelente bom humor.



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