O grande sopro - Sonia Regina




Toca-me como o calor do verão nas folhas à beira-rio 
onde as flores se assentam com nenhuma urgência. 

Diz-me baixinho do que sabes, porque viajaste  
no tempo e por lugares que não conhecerei. 
Que o gosto do cuscus marroquino tenha sabor parisiense  
e os confins se apresentem numa cena indolente e tropical. 

Nada mais busco nas formas. Olho-as e passeio entre elas
com a cadência mágica de quem anda acompanhada.

Sim, ainda abraço o vento – ele me abre os poros. Respiro
a tempestade marinha, me embriaga a força da cachoeira.
Sou água. Pouco choro, entretanto, e me espanto. Sorrio
e acolho o sopro. Deixo-me levar. Vou.


Sonia Regina
04072011




Imagem: autor ignorado



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