se
se de tanto querer o mar tem crescido
sem mobília, o fruto marinho,
e se tem transformado
de amálgama em vaga,
em alga, fecundada noutros sentidos;
se a metamorfose pudesse ter ouvido
[a horas de véspera]
plenas de palavras, as ondas, se
[presas nos lábios],
na escrita caíssem das águas agitadas;
se a sombra, numa linguagem simples,
espuma desenhasse na areia,
festas de colégios, igrejas;
se a ciência dos pescadores,
ao sabor do mar,
o dia adivinhasse, e a manhã
de segredo profundo, se transmutasse
nas costas de algum litoral suave,
[enseadas secretas],
de um horizonte que saltasse, de onde
talvez, o coração oculto do oceano,
enfim,
sempre se mostrasse.
sonia regina
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