PANTUM

Pantum




Pantum é um poema de origem Malaia, introduzido na Europa por Victor Hugo. Foi muito utilizado por Olavo Bilac e Alberto de Oliveira, aqui no Brasil. Suas regras consistem em intercalar versos de forma que o 2º e 4º versos de cada estrofe passem a ser o 1º e 3º versos da estrofe seguinte. O último verso do poema tem que ser similar ao que iniciou o Pantum.

Miriam Panighel Carvalho



APALAVRADOS
(PANTUM)

Miriam Panighel Carvalho


Apalavrada estou contigo amor
Comprometida na alma e coração.
De um modo incrível, avassalador,
serei só tua, inteira devoção.

Comprometida na alma e coração
se estiveres comigo apalavrado
Serei só tua, inteira devoção
do meu mundo eu farei o teu reinado.

Se estiveres comigo apalavrado
terás em mim amor e sedução
Do meu mundo eu farei o teu reinado
te darei os delírios da paixão

Terás em mim amor e sedução...
Com tal fulgor e tamanha pujança
te darei os delírios da paixão
Corpos e almas, divina aliança!

Com tal fulgor e tamanha pujança
de dois amantes consumando o amor
Corpos e almas, divina aliança,
no teu morno jorro ao tocar a flor...

De dois amantes consumando o amor
o compromisso da nossa união
No teu morno jorro ao tocar a flor
que destila o mel da minha paixão...

O compromisso da nossa união
sagrado enlace - teu corpo no meu
que destila o mel da minha paixão...
Meu mundo passa a ser somente teu!

Sagrado enlace - teu corpo no meu
Bênçãos sagradas por nós a zelar
Meu mundo passa a ser somente teu
Num céu de estrelas sinos a tocar...

Bênçãos sagradas por nós a zelar
nas colossais esferas das alturas
Num céu de estrelas sinos a tocar
saudando o nosso amor com mil venturas

Nas colossais esferas das alturas
Os astros em perfeita conjunção
Saudando nosso amor com mil venturas
Eternizando, enfim, nossa união.

Os astros em perfeita conjunção
Se aceitares do meu mundo ser senhor
Eternizando, enfim, nossa união
Apalavrada estou contigo amor.


*


PANTUM

Olavo Bilac


Quando passaste, ao declinar do dia,
Soava na altura indefinido arpejo:
Pálido, o sol do céu se despedia,
Enviando à terra o derradeiro beijo.

Soava na altura indefinido arpejo...
Cantava perto um pássaro, em segredo;
E, enviando à terra o derradeiro beijo,
Esbatia-se a luz pelo arvoredo.

Cantava perto um pássaro em segredo;
Cortavam fitas de ouro o firmamento...
Esbatia-se a luz pelo arvoredo:
Caíra a tarde; sossegara o vento.

Cortavam fitas de ouro o firmamento...
Quedava imoto o coqueiral tranqüilo...
Caíra a tarde. Sossegara o vento.
Que mágoa derramada em tudo aquilo!

Quedava imoto o coqueiral tranqüilo...
Pisando a areia, que a teus pés falava,
(Que mágoa derramada em tudo aquilo!)
Vi lá embaixo o teu vulto que passava.


Pisando a areia, que a teus pés falava,
Entre as ramadas floridas seguiste.
Vi lá embaixo o teu vulto que passava...
Tão distraída! - nem sequer me viste!


*


aquela linda catraia ( canção ou fado ) - Pantum


das flores quero perfume
dos lábios quero beber
na tua boca o cerume
até não mais apetecer

dos lábios quero beber
os trejeitos de catraia
até não mais apetecer
ou que a lua se esvaia

os trejeitos de catraia
de blusa fina no peito
ou que a lua se esvaia
no céu escuro desfeito

de blusa fina no peito
e na cinta bela saia
no céu escuro desfeito
na cama doce desmaia

e na cinta bela saia
doidivanas e sem jeito
na cama doce desmaia
com o tesão do afeito

doidivanas e sem jeito
aquela linda catraia
com o tesão do afeito
dança na cama sem saia

ferool

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