da construção do poema - josé felix



a sombra presa às pernas é o único
amigo que o acompanha na cativa
penumbra da cidade adormecida
e só a palavra acesa se acomete

ao fogo reacendido no caminho.
não vale a pena ter um roble rubro
de cuja duração a chama é
a principal obreira feita cinza

no tempo fulvo da fuligem vinda
nas estações medidas pelas árvores.
por isso é que das folhas se constrói

o tronco do poema aceso em cada
semente de uma flor aberta ao pólen
e da palavra viva que lhe dá

o fruto vivo no sabor da língua.

josé félix

Nenhum comentário: