instantes legíveis - poema




“Não só de cumplicidade falam estes corpos plurais”,
parece sussurrar o vento nos cabelos, já chegando
ao horizonte marítimo

a mente repousa.
almas se recolhem no ventre das pedras
e são relevo que desponta firme, do mar

em terra, o afeto germina.
no céu de um azul comum, o sol vive
instantes legíveis de ternura

na praia, uma casa. mesa, quatro cadeiras, um sofá
e uma cômoda. dela nos olha a foto no porta-retratos,
momento antigo sem som ou pássaros, sem memória:

paisagem desconhecida de uma fábula de estio.
na quilha de um barco escandindo as águas do mar,
a maré movimenta uma realidade simplesmente oceânica.



sonia regina

[19.7.09]


imagem: Crina-Paula P.



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