Sonia Regina
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Vegetaria, se não fosse a arte. Pintava. Telas de um colorido suave, doces, revelavam delicadeza e beleza harmônicas e sugestivas. O uso de cores secundárias e matizes, a ausência de modelos ou padrões tornava suas criações muito pouco simples: efeitos sutis exprimiam sua subjetividade, significando-a, revelando-a.
No dia-a-dia nada consentia, ou desaprovava. Tateava a dureza do mundo. A vida fora uma obsessão e agora a aterrorizava, embora não tivesse clareza disso. Ella vivia num sítio dizimado e acreditava avançar entre os destroços. Ledo engano: arrastava-se em círculos, incompleto labirinto na direção do poço. Como a luz, continha a sombra, e percebia ser moradia espetacular de si própria.
Uma ostra fugitiva, evitando correntes, tinha medo de escutar a carne e evitava o fluxo do sangue. Nessa surdez imperava um silêncio que a protegia, trazia-lhe tranqüilidade de espírito e serenidade. Ella dormia um sono profundo, sem sonhos.
* * *
Despertar não foi simples, acordara ainda presa a temores. O medo maior se fora e era impossível dormir, assim liberta. Um brilho reprimido escapulia do degredo como um turbilhão que a entontecia e apavorava.
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Imagem: escultura de autor ignorado
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