pot-pourri (s)




pot-pourri [1]
sonia regina


é no íntimo das veias que agoniza
a angústia surda (1)
o gosto de sal
na água ardente acorda o milagre
que nos chega no momento certo (2)

estrelas não adormecem, velam as cores e imagens
que crias. aguarda-as, enquanto sentes o aroma
deste dia em que caminhas com o coração.

há habitações fluindo dos teus olhos, percebes?

estares perto de ti coloca teus passos na direção certa.
há cidades límpidas além dessa montanha, há outras
luzes, teus tornozelos não te falharão (3)

a linguagem flui nas representações. cobiça que se fixem,
na terra e na água, o fervor e o júbilo, a ternura, um tempo
e distância não lineares (4)

o passado ao repetir-se diferente, revela
os montes tocando o sol (5)

entre abismos celestes
para trás dos ombros, as perturbações
e, à frente, o verbo preferir. (6)


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os versos numerados acima estão nos meus poemas:

(1) o quente tom do carmim

(2) num sopro de idéia perambulando

(3) bênção

(4) e, a língua, arde

(5) o pulsar que segreda sem nevoeiro

(6) perturbações



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