Ossos de Baleia: resquício da história

Por: Professor Miguel João Simão- Historiador e Escritor




A Praia do Tinguá (Governador Celso Ramos) fica na região da Armação da Piedade e está bem próxima a praia onde está erguida, desde 1745, a antiga Igreja de Nossa Senhora da Piedade.
Separada pelos costões, Tinguá teve um marco importante na história da pesca da baleia, bem como a praia de Armação.
O significado do nome “Tinguá” pode está atrelado a sua geografia, podendo derivar de “tinguaíto” (“tinguá” + “ito”) que na geologia significa rocha ígnea de texturas granulas e posfirítica. Outro suposto significado é o “tinguaci” um tipo de árvore rutácea, expressão esta vinda do tupi “tinguasyeia”; ou ainda uma terceira suposição “tinguacu” também do tupi “tin” “uasú” ou nariz grande, pássaro da família dos cotingídeos.
Cercada pelo verde das matas e pela beleza das águas claras a praia mostra através da ossada de baleias um pouco do que foi o monopólio da pesca dos cetáceos no sul do país.
As fortes chuvas dos últimos meses trouxeram a vista de visitantes o que havia sido enterrado a mais de 200 anos. Os inúmeros ossos de baleias na praia do Tinguá é a prova do trabalho escravo exercido na época do Brasil Colonial, da abundância de baleias em águas catarinenses e, sobretudo, a participação de Governador Celso Ramos na história do Brasil de outrora, ligado ao crescimento do Brasil Colônia.
Armação da Piedade foi a primeira Armação a ser instalada no sul do país e a maior com uma área de 5.327 m². Sua fundação data de 1746, sendo iniciada anos antes.
Esse empreendimento Colonial dedicado à pesca da baleia e ao beneficiamento do cetáceo teve sua importância, pois esse tipo de exploração econômica mostrou-se uma atividade de geração de empregos, além de investir no povoamento da costa e seus arredores.
Da baleia tudo se aproveitava, desde a carne, a língua, a barbatana , óleo até os ossos.
Em muitas Armações os escravos faziam o retalhamento separando em partes a baleia e seus ossos eram aproveitados para construção civil e até mesmo para fabricação de móveis.
Diante do grande entulho de ossos espalhados por toda Tinguá, nos faz acreditar que por aqui os ossos eram enterrados nessa praia, por sua facilidade de acesso ou jogadas ao mar.
A verdade é que a história da pesca das baleias na grande Armação do sul do Brasil, denominada “Armação Grande” ou “Nossa Senhora da Piedade” ainda mostra resquícios de uma época de grandeza, que fez da nossa Armação um pólo de desenvolvimento, hoje marcados pela Igreja e pelas ruínas da grande construção ali existente.
A praia do Tinguá não ficou fora da história, ali estão depositados o retrato da época e um chamado a visitação, pois os que não imaginam como é uma baleia, passeando pela praia com certeza terão idéia.


[12/02/2009] - copiado daqui

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