Rodrigo Garcia Lopes

STANZAS IN MEDITATION
     
para Henry David Thoreau




Folhas negras caem, rufam em profusão. O vento encrespa a
Água, Tempo, enruga
faces. Um vale revela
canyons, grutas:
em silêncio, exploramos o interior

Destas montanhas. Uma uma chuva fina, estranha,
começa a cair
e súbito dissipa —
o ruído áspero
de uma vespa.
Este é o céu, claro, como metal. E aquilo,

A fumaça abandonada por um trem, talvez. Flores
Se dissolvem nos olhos, e nos debruçamos sobre velhas lendas
Conferindo as pegadas de um animal desconhecido.

A trilha termina num riacho.

A água se surpreende com este vento todo
que vem do Oeste
e que agita a sinfonia das  árvores.

Neblina nítida, colinas, um vapor neste espelho.
Num ponto qualquer da paisagem captamos
seus olhos verdes, mudos, fixos na relva úmida.
Um animal e você contemplam do mirante
este milagre

(a baía vazia
— a areia do dia exibindo sua rasante —
rochedos & distâncias, como antes,
animada pelas danças do vento
fazendo desta ausência
presenças manifestas em tudo:
chuva
que desaba
entre os olhos
abertos
da serpente.
Um flash
de luz
entre os
bambus)
:
o silêncio do sonho
traduzindo
uma imagem-movimento
que se desfaz entre a verdade dos instantes.


In: Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século.  Moriconi, Italo / OBJETIVA





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