Diálogo Poético

Diálogo Poético com José Felix  [de 31.7 a 2.8]


31 de julho de 2011



Pediste-me um beijo
quando o sol abria a madrugada.
Na aranheira dos lençóis
pronunciámos nomes impossíveis,
e, quando abrimos a janela,
a transparência do dia
trouxe a inocência dos nossos lábios.
Há dias assim, a passear
na nervura do tempo,
imprescindíveis,
quando os nomes que dizemos
são somente a sombra
da flor entreaberta.



Jose Felix
2011.7.31




primeiro de agosto


palavras soletradas ao sol
desenhavam nossos lábios
na indefinida brancura do dia.
nuvens traziam outras imagens
à sombra da flor desabrochada,
enquanto nos dispersávamos na luz.


sonia regina
01082011




Na indefinida brancura do dia
uma palavra viaja na ramagem.

Filigranas de sombra acompanham
os passos na tortura do caminho.

Uma canção chinesa traz o eco
do murmúrio ancestral do canavial.

A vida é um bonsai que se trabalha
dia-a-dia cinzelando a morte.


Jose Felix




o alguidar vazio de terra e nomes,
pleno de filigranas de sombra,
faz eco dos passos torturados.

vestirá a vida em terra fresca.

a ramagem da árvore cinzelada
[livre do desassossego do caminho]
retornará dia-a-dia da palavra morte.



Sonia Regina
02082011




Terras e nomes na nervura do caminho
perdem-se na estrutura da memória
Há, sim, um desassossego na sombra
que viola o sentimento escondido nas pedras
As árvores, o movimento nocturno da folhagem,
escondem o eco do medo que acaricia a morte
quando as mãos tocam as rugas do tempo


Jose Felix




A memória no ventre das pedras
e o medo da morte nas mãos despertas
tocam o tempo - que transforma e avança.
A carne em júbilo, inominada,
o sangue percorrendo-a em cada nervura
são caminhos que latejam sem envelhecer.
Nenhuma agonia na sombra dos enigmas
ofusca (re)nascimentos.



Sonia Regina
02082011

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