DO BALAIO
território e cenário
atravessa a tarde um ar impregnado de escuridão,
num movimento imperceptível o tempo pisca
certezas
a mesma luz que leva ao êxtase agride
o papel com velocidade e nele se imprime
o instante, num colorido profundo
sei que o abstrato e o concreto, como o vento
e a brisa, são uma só realidade
diferem apenas na delicadeza da passagem
sei que da existência à vida há a mesma travessia
mas, por vezes, o mundo bebe-me o cotidiano
sem me dar opções de atualização
então cogito acerca da falta que me faz o chão
que guarda o som dos teus passos
sem conseguir expressão medito com as asas
das borboletas sentadas na palma da rosa
até que o café corra em minhas veias
e faça-me cintilar de calor e cor
é quando sopro com força esse hálito íntimo
[linguagem e imagem querendo ser território
e cenário]
bailo contigo onde o figurativo é o visível rio
a cascatear azul, onde viajam teus dedos
numa barca de possibilidades.
sonia regina
rio, 30.5.06
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