viajar pelo riso da terra - sonia regina




por um hálito além do lamento aceito a anestesia que fere
meus lábios, fujo da simetria e da grandeza dos acenos

as fragilidades não levam ao fracasso como o medo
das marcas involuntárias - mas não casuais

bom seria pisar um sonho e torná-lo chão, um caminho
doce livre de prisão ou exílio

mas no giro da essência quem se procura flor não se encontra
além das pétalas. dança como elas, à volta do centro.

quero perceber o sentido do dia cabendo inteiro na noite clara
quero tocar o passado e despertar para o recomeço do tempo

quero viajar pelo riso da terra

sei, nas águas, do fluir secreto da beleza e da cura. sei,
é imperioso falar do obscuro e escrever dos pesadelos

para que a claridade entre pelas frestas das ruas, mergulhe
nos que, sentados nas calçadas, temem principiar a posteridade.

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