Escrever ... - Clarice Lispector




"Não me lembro mais onde foi o começo, foi por assim dizer escrito todo ao mesmo tempo. Tudo estava ali, ou devia estar, como no espaço-temporal de um piano aberto, nas teclas simultâneas do piano. Escrevi procurando com muita atenção o que se estava organizando em mim e que só depois da quinta paciente cópia é que passei a perceber. Meu receio era de que, por impaciência com a lentidão que tenho em me compreender, eu estivesse apressando antes da hora um sentido. Tinha a impressão de que, mais tempo eu me desse, a história diria sem convulsão o que ela precisava dizer. Cada vez mais acho tudo uma questão de paciência, de amor criando paciência, de paciência criando amor."
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LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.




"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."

“escrevo por profundamente querer falar”
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LISPECTOR, Clarice.
A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco



“Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente minha própria vida."
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LISPECTOR, Clarice.
Um Sopro de Vida.Rio de Janeiro: Rocco



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