sonia regina - das árvores e do mar



ouço embebida de ti os rumores do inverno.
como tu as árvores sabem ser, em mim,
um temor reverencial

força poética a me inventar
livre, insubordinada, selvagem
ficção íntima caída no papel.

na folha do caderno, num simulacro,
as palavras crescem.
em metamorfose,

instante após instante, celebram
em cada verso
mais que um símbolo

e perenes fazem-se sol,
a brincar de anoitecer.
fingem-se silêncio de pássaros

e deixam, às mãos
[que já não dormem],
no passeio pelo ritmo do dia

a canção de diversos eus.


sonia regina, das árvores e do mar
rio, 11.8.12



imagem: rolling waves through trees, by Art Surgery

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